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Março com a Confraria das Ideias: Astronautas, zumbis e quilombos!

“Vamos fazer um upgrade nos figurinos, com luz nos capacetes, comunicação via rádio e coldres para as nerfs, que a gente pode aproveitar para o zombielarp e até mesmo o capitão do mato pode usar. Aliás, já sabe onde será a senzala?”.

Essa reprodução de um diálogo, aparentemente desprovido de sentido, ilustra como foram as semanas do mês de março da Confraria das Ideias. Entre chapéus de palha, capacetes de astronautas, e munições de nerfs, aconteceram as produções dos larps “Red Hope – Diante do Abismo”, “Sobreviventes” e “Resistência em Ayê”.

Pode se dizer que o desafio foi grande: não só os temas eram bem diferentes entre si, como também os locais onde seriam realizados demandavam logística, mecânicas e materiais específicos, em função de responder às necessidades surgidas pelo design dos larps em questão.

Red Hope seria executado em um espaço fechado, enquanto que os outros dois seriam em espaços abertos, mas com dinâmicas completamente diferentes.

Mas a diversidade tem suas recompensas: cada larp se manifestou como um momento único, com seus próprios desafios de execução, e o resultado pode ser visto nas fotos, materializando a discussão da linguagem como uma forma de arte, capaz de promover experiências múltiplas, com vivências que provocavam discussões e sensações particulares.

Em Red Hope Diante do Abismo, realizado nos dias 12 e 13 de março, durante o evento Animerp do Sesc Rio Preto, os participantes entravam nos destroços de uma nave abandonada para uma missão quase suicida. A experiência, claustrofóbica graças ao figurino (capacete que limitava a visão) e ao cenário (escuro, com fumaça e destroços espalhados), explorou sentimentos como medo, tensão e horror, ao passo em que as equipes lutavam pela sobrevivência uns dos outros enquanto tentavam cumprir as missões. Parte de um arco de histórias que envolvem os larps “Maior passo da humanidade”, “Red Hope Perigo Biológico” e “Red Hope Terra dos Mortos”, expande mais o cenário e deve ter novas aplicações quando surgir novas oportunidades.













Já no zombielarp “Sobreviventes”, realizado no dia 19 de março durante o evento Nerdcon do Sesc Interlagos, a imersão buscava colocar os participantes em uma sensação de vulnerabilidade durante o “apocalipse zumbi”. Como personagens havia um pai com bebê de colo, uma viúva, um padre, um militar ferido, entre outros. Um micro-ônibus serviu de transporte dos sobreviventes com a promessa de leva-los até o refúgio, mas – obviamente – o veículo “quebrava” no caminho, obrigando-os a seguir a pé, por um bosque nada seguro... Aqui a tensão inicial dava lugar a uma aventura no meio das árvores, com criaturas surgindo no caminho até a chegada (ou não) no refúgio. Por vezes, houve discussões entre os participantes se retornavam para salvar algum sobrevivente que ficou para trás ou se deviam continuar e garantir a segurança dos que ainda estavam “vivos”. O larp é inspirado no zombielarp.uk.









E, no dia 20 de março, o esperado “Resistência em Ayê”, ainda dentro do Nerdcon do Sesc Interlagos, com uma proposta de reflexão e imersão em um dos períodos mais obscuros da história do nosso país, com a escravidão ainda formalizada. Na fazenda “Paraíso”, os personagens eram na maioria escravos, com a presença do senhor das terras, seu filho recém chegado do exterior, entre outros. Situações de trabalho forçado, castigos pesados e resistência foram vivenciados, culminando em uma rebelião que possibilitou a chegada de alguns escravos ao quilombo. Na discussão final, uma conexão de passado e presente levantada pelos próprios participantes, não só a respeito das tradições da cultura africana, como também uma percepção de que essa luta e resistência ainda continuam em curso, mesmo centenas de anos depois.

















Essa talvez seja uma das coisas mais interessantes na linguagem do larp: a possibilidade de criar sobre temas bem diferentes.

Por vezes procuramos passar intencionalmente uma reflexão, uma mensagem. Outras, elas emergem naturalmente devido à característica colaborativa do jogo, e aos conteúdos que estão nas entrelinhas dos textos produzidos, e na própria bagagem pessoal de cada participante.

Um agradecimento especial às pessoas que participaram desta pequena maratona de larps, confeccionando personagens, conceitos de jogo, props, figurinos, montando cenários, dando vida a NPCs, ajudando na produção, etc.: Bruna Policastro, Leandro Godoy, Luiz Prado, Luiz Felipe, Luiz Falcão, Paulo Renault, Thomaz Barbeiro, Helena Jorge, Bruno Fisher, Daniel Torres, Raul Saloé, Thiago, Vanessa Mayumi e Victor Rampinelli.

#thisishowwelarp

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